EDITORIAL

Lista de desejos para todos nós

EDITORIAL

Entrar num novo ano, para muitos, é sinónimo de traçar objetivos para os 365 dias que se seguem. As resoluções de ano novo costumam ser tão abrangentes quanto ler mais livros, passar mais tempo com aqueles de quem se gosta, viajar mais, comprar uma casa ou mudar de emprego. Há resoluções para todos os gostos e feitios e cada um determina as suas. Mas também há quem não trace objetivos nenhuns ao ouvir as 12 badaladas, o que habitualmente é o meu caso.
Ainda assim, já que estamos no primeiro mês do ano – num ano que, ainda por cima, vai ser de mudança para as populações, devido às eleições autárquicas –, atrevo-me a deixar aqui uma espécie de lista de desejos para 2025. Porque ninguém disse que não se pode sonhar.
Deixando de lado o panorama mundial, que muito pano para mangas daria, principalmente dias depois da eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos da América, à data de hoje, se pudesse pedir melhorias para as populações portuguesas, seriam estas: mais cultura, mais empregos justos, mais inclusão, mais acesso a cuidados de saúde.
Cultura? Sim. Porque sem cultura somos um povo menos pensante, menos criativo, menos crítico. E porque a cultura “alimenta”, mesmo aqueles que julgam não querer ser alimentados. Continua a ser imperativo democratizar o acesso à cultura, para que a mesma chegue a todos, sem exceção.
No que ao emprego diz respeito, numa altura em que as taxas de desemprego no país são baixas, continuamos a falhar no que aos empregos com remuneração justa diz respeito. Estamos longe – muito longe – de outros países da União Europeia e a nossa retribuição mínima mensal garantida (vulgo “salário mínimo”) mantém-se absurdamente baixa. É inconcebível uma pessoa empregada, que trabalha todos os dias, chegar ao fim do mês e ter de cortar na alimentação para conseguir pagar a renda da casa ou o empréstimo ao banco. Inconcebível.
Depois, já que estamos numa de desejos, não posso deixar de pedir que tenhamos, cada vez mais, uma sociedade inclusiva, onde caibam todos os tipos de “diferença”. E aqui incluo “diferenças” tão vastas quanto deficiência, orientação sexual, género, religião, nacionalidade, etnia, entre outras. O caminho a trilhar, neste campo, é longo e tem tido reveses.
Por fim, a saúde. Ainda que tenhamos um Serviço Nacional de Saúde que pode ser considerado de excelência, o acesso a ele está cada vez mais dificultado. Não sei a solução mágica para o problema, mas é urgente que surja uma. Por isso, este desejo vem em quarto, mas tem importância para liderar qualquer lista. Mais saúde para todos, neste 2025! Bom ano, caros leitores!

Salomé Filipe
Diretora do Jornal

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