O paradigma de prática desportiva tem vindo a evoluir ao longo do tempo, de acordo com as preferências e as motivações dos praticantes, podendo dizer-se que não há propriamente um desporto, mas sim várias formas de o praticar.
Atualmente as principais motivações têm a ver com modelos informais de prática (cada um escolhe e gere a sua prática), com o contacto com a natureza, com o gosto pela aventura, pelo risco e pelo convívio social, com a ocupação diversificada do tempo livre de cada um, por forma a que se retire prazer e algum benefício.
A escalada é uma atividade desportiva (ou mesmo uma modalidade desportiva) que se enquadra nestas caraterísticas e que, sem ser uma modalidade massificada, tem vindo a aumentar progressivamente o seu número de praticantes. É dela que agora iremos falar.
O conceito
A escalada é o desporto (ou atividade desportiva) de escalar montanhas (ou paredes), com ou sem o auxílio de cordas e/ou outros equipamentos especiais e o objetivo é atingir um ponto final, que pode ser um cume duma montanha ou de uma outra estrutura construída. Utiliza equipamentos específicos e tem elevada exigência física e mental (agilidade, força, destreza, coragem e treino mental) e tanto pode assumir caráter de recreação, como de competição e ser praticada em ambientes naturais, como indoor, ou seja, no interior.
Um pouco de história
A escalada evoluiu do montanhismo clássico, ou seja, a escalada de montanhas na primeira década do século XX, com a expedição do rei D. Carlos à serra da Estrela, que é escalada pela primeira vez, no Cântaro Magro. Posteriormente, os primeiros escaladores portugueses abordaram montanhas da Europa: os Alpes (daí a designação de Alpinismo), mas também os Pirinéus, o Etna e o Vesúvio. A esta atividade está associado um ideal – o ideal montanheiro – baseado no contacto com a natureza, a saúde pelo exercício e a “educação do espírito”, através do cultivo de valores como a coragem, a persistência, a solidariedade e o assumir do risco). É a partir da década de 30 do século XX que os grupos espontâneos de prática se organizam em clubes que, posteriormente, se integram na Federação Portuguesa de Campismo (como secção autónoma), vindo a autonomizar-se na Federação Portuguesa de Escalada de Competição.
Paralelamente adotaram-se variantes da modalidade, adaptando a sua prática indoor, ou seja, ao interior, através da criação de paredes de escalada, ou outros obstáculos artificiais, ou semi-naturais.
A Ação do Agrupamento de Escolas de Vagos nesta modalidade
No AE Vagos tem-se procurado corresponder à pluralidade de motivações e de interesses dos 2500 alunos que o frequentam, com o objetivo de todos gostarem “de qualquer coisa” que os faça movimentarem-se e pretenderem praticar uma ou mais modalidades desportivas, seja no âmbito da recreação e do lazer, seja como rendimento e competição.
Depois das modalidades tradicionais, incluíram-se e desenvolveram-se as náuticas (canoagem, vela, surf, stand up paddle, windsurf), depois as bicicletas (circuitos, cicloturismo, competição) e a escalada foi a mais recente aposta.
Começou por se adquirir uma parede de escalada, que foi montada na Escola Básica de Vagos (e que representou um investimento de vários milhares de euros), a que se seguiu o reforço da formação de professores nesta modalidade, com um curso de formação interno.
Posteriormente, incluiu-se um módulo desta modalidade na disciplina de Educação Física, com algumas aulas por ano, em todas as turmas e, no final deste ano letivo, todos os alunos deverão ter experimentado estas situações tão pouco habituais, de escalar paredes.
Nos eventos que se realizam, esta é uma atividade que passou a estar sempre presente e com inteiro agrado da grande maioria dos alunos, até porque os medos desapareceram e as sensações tornam-se agradáveis.
Os alunos das escolas que visitam Vagos, têm sempre oportunidade de também experimentarem – e fazem-no sempre com gosto e recordam essa experiência.
A segurança
O risco é mínimo e só não digo inexistente, pelo facto de ele existir sempre, pela simples circunstância de estarmos vivos. Os praticantes colocam um cinto, ao qual se liga um cabo que os suspende no cimo da parede e que é controlado no solo, por dois adultos experientes e que comandam quer a subida, quer a descida dos praticantes.
A fotografia da parede de escalada da Escola Básica de Vagos, explica tudo sem palavras e espero ter criado o desejo de experimentarem.
Paulo Branco

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