Tem a Palavra a Mesa
Se a nossa idade já não supõe regras de terceiros
É NOSSA a responsabilidade que “manda”
Governemos então a nossa “Barca”
Com sensibilidade, bom senso, empatia
A questão que me crucificou este mês – o que escrever em tempos de desespero?
O meu lema é, SEMPRE foi, falar de esperança, apelar a bons pensamentos, sentimentos, atitudes, mas … como falar de esperança num mundo em derrocada?
Como fazer acreditar? Como? Se tu próprio já tens dificuldade em acreditar?
Como falar de esperança num mundo acabrunhado de tanta desesperança. O presente traz imagens diárias de absoluto e constante desespero. Está aos olhos de todos: vivemos tempos de grande conturbação, todos os dias somos confrontados com notícias aterradoras, factos alarmantes, realidades inquietantes, chocantes, avassaladoras, desarmantes… E como se não bastasse, há falsas notícias criadas apenas para exacerbar ainda mais o alarmismo, acirrar desavenças entre povos e nações. Vivemos tempos de grandes convulsões entre estados, nações, continentes! É deveras desesperante. O ser humano corre desgovernado para o extermínio. Preferimos falar de “conflitos” por temer a palavra GUERRA. E de GUERRA se caracterizam as várias décadas nos tempos mais recentes. Quanto durou a PAZ após o término da primeira e da segunda Guerra Mundial? Alguém já fez essa contabilidade! Não há, não houve, tempos de verdadeira paz em todo o planeta.
E no nosso quotidiano, tentamos viver de forma pacífica? Alguma vez paramos para pensar o que falta fazer para mudar o rumo das nossas estórias?
A ambição desmedida, a falta de sensibilidade em relação ao outro, a falta de sentido nas opções? Tudo, numa espécie de caldeirão ardente em que tornamos o nosso lindo planeta azul. Onde vai o tempo da evolução? De que nos serve a nossa INTELIGÊNCIA? Sei! Já me repito, é a pergunta que mais vezes me ocorre.
Criticamos cegamente tudo e todos e a autocrítica onde foi? Queremos todos os direitos, todas as benesses… Onde fica em matéria de deveres a nossa parte, o nosso contributo?
Eis que é chegada a época das grandes montras de Natal, das alamedas de luzes e sons festivos… Não há tempo a perder: vá comprar, vá de… O calendário endoideceu: vogamos de festa em festa, de celebração em celebração.
Isentos de sensor de sensibilidade ou humanismo, os centros comerciais vendem, vendem, vendem… Vendem desejos de Natal antes, mesmo da festa de São Martinho – a parábola da PARTILHA, exemplo de SOLIDARIEDADE; já tinham impingido o carnaval das bruxas em vez dos “fieizinhos” ou do “pão por Deus”… pouco importa quem não pode comprar nem o pão para a fome do momento.
As nossas tradições tornaram-se rituais de compras… qualquer que seja a época do ano! E este é o legado às novas gerações e que fomenta mais e mais o individualismo, o egocentrismo que já se analisa sob a forma de doença do novo século.
O que trago como proposta para este mês que se aproxima? Vamos parar e rever detalhes do nosso estar, do nosso ser? Em que poderemos fazer a diferença? O meu mais profundo desejo seria de nos tornarmos seres mais empáticos, resilientes, proativos, sempre centrados no OUTRO. Preenchermos as nossas necessidades de emoções através da recompensa de termos melhorado o dia de alguém, proporcionando um sorriso na face do alguém. Aí o nosso sorriso compensará em dobro… O facto de contribuirmos para a nossa comunidade engrandece, alegra, amplia, direta e proporcionalmente a nossa necessidade de aprovação, de recompensa. Comprar menos, dar mais. Pedir menos, dar mais e o nosso MUNDO seria tão mais pacífico e recompensador. Neste mês que já aí chega, proponho um esforço de ADVENTO INVERTIDO: procurar dar em vez de pedir, preparar surpresas em vez de esperar surpresas… Tudo será muito mais gratificante, para todos, mas sobretudo para nós mesmos. Por exemplo, participando em projetos de voluntariado* podemos aumentar o nosso sentimento de realização.
Experimentem e verão que não dói: Preparem o vosso mais gratificante NATAL.
*Podemos saber mais sobre este assunto, pesquisando em Bolsa do Voluntariado
Maria Céu Matos
Mesária