Um dos cinco cabeças de lista que concorrem às eleições autárquicas de 12 de outubro vai assumir a presidência da Câmara de Vagos e suceder a João Paulo Sousa, que se despede do executivo. Saiba quais são prioridades de cada um para o concelho.
1- Quais são as prioridades do programa com o qual concorre às eleições?
2- Num cenário ideal, mas também realista, como gostava de ver Vagos daqui a quatro anos, no final do próximo ciclo autárquico?
3- Quais são as expectativas que tem para os resultados do dia 12 de outubro? O que seria um bom resultado para o seu partido?
Rui Cruz, candidato pelo PSD

1.
Nós temos prioridades, objetivos e medidas. Ou seja, prioridades que querem concretizar objetivos e que, depois, se compõem num conjunto de medidas, ações e políticas públicas. As prioridades são cuidar das pessoas e das suas organizações, as famílias, as empresas, o emprego, as instituições e as associações. Segundo, cuidar do espaço público e do património. A terceira é aprofundar uma mudança estrutural do tecido económico e social, continuando a captar mais fundos públicos e comunitários. Como quarta prioridade, é necessário ter serviços de qualidade na Câmara Municipal, serviços que se sirvam bem e que permitam que nós, eleitos locais, possamos servir bem as pessoas e as empresas do concelho. Serviços de qualidade, mais céleres, mais simples, com a introdução de novas tecnologias.
- Gostava de ter dado um contributo decisivo para aquelas 4 prioridades. Para que os serviços da Câmara Municipal fossem de qualidade e de excelência para os munícipes e para as empresas, que houvesse um aprofundamento do desenvolvimento socioeconómico e que as pessoas se sentissem cuidadas – as suas famílias se sentissem apoiadas, os seus jovens, os jovens casais e os idosos dependentes. Os nossos objetivos são a sustentabilidade e a autonomia financeira do município, o desenvolvimento dos espaços industriais e o seu acesso. Queremos a fixação de empresas, nomeadamente empresas com responsabilidade social e ambiental, inovação, tecnologia e internacionalização. E, depois, vêm as famílias. É preciso criar habitação municipal acessível, para que os jovens casais não tenham de continuar a emigrar.
Há um novo rumo e uma nova ambição em Vagos. Na educação, queremos, por exemplo, resolver, de forma definitiva, o problema do Colégio de Calvão. E reponderar a Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vagos. Nos transportes, há a possibilidade de criar, não uma rede de transportes urbanos, mas algo parecido, em complementaridade com a Busway. Na saúde, a aposta é aproximar os serviços de saúde das pessoas e fazê-lo naquilo que é o essencial, que é a primeira linha dos cuidados de saúde, prestados por enfermeiros. O Plano Diretor Municipal também tem de ser visto. Em muitos sítios, podemos rasgar, abrir novos caminhos, fazer novas estradas para valorizar os terrenos e arranjar novas frentes de construção urbana. E, com isso, captar investimento privado. Queremos implementar um novo modelo de recolha e de reciclagem do lixo. E continuar a criar marcas identitárias de vagos, porque essas é que atraem pessoas – criámos o Vagos Open Air, que hoje é o Vagos Metal Fest, o Vagos em Acústico e o Museu do Brincar. Além disso, como vamos ter um centro cultural, tem de haver uma produção cultural diferente, sem pôr em causa a nossa cultura, que nos identifica. E tudo aquilo que acontecer em Vagos tem de ser programado numa única agenda cultural do concelho. Há também um papel fundamental de todas as associações culturais e desportivas. Tudo isto tem que ser feito com as associações. - O resultado expectável é a vitória. O resultado que mais me marcou foi em 2005, em que ganhava as 11 freguesias, a Câmara Municipal, com seis mandatos em um, e a Assembleia Municipal, com 25 mandatos em um. E esse período, 2005-2009, foi de grande aceleração para o município, na captação de fundos, na negociação, na execução de obras que mudaram a vida das pessoas. Por isso, eu espero uma vitória ao estilo de 2005. Uma grande vitória, com maioria absoluta, com as juntas de freguesia todas alinhadas com a Câmara Municipal, para não haver desculpas políticas, para não haver traições, para não haver a gente a remar para um lado e a gente a remar para o outro. Porque, quando estamos todos alinhados, a responsabilidade é total. A vitória que espero é essa, para poder governar o município de uma forma mais acelerada naqueles quatro anos, porque nós precisamos de acelerar muito para nos pormos num patamar entre os melhores.
Hugo Santos, candidato pelo CDS

1.
Vamos trabalhar em três eixos que consideramos fundamentais. Um é o da recuperação. Ou seja, é criar condições para poder implementar o nosso programa, com uma recuperação a nível daquilo que é a questão financeira da Câmara Municipal. Depois, iremos trabalhar a questão da consolidação. Existem coisas que consideramos que estão bem feitas e a funcionar, por isso queremos alavancá-las e melhorar aquilo que de positivo foi sendo feito. A seguir, trabalhar a questão da inovação e da liderança regional. Queremos implementar algumas medidas, já ultrapassando estas duas primeiras fases, que nos permitam também alavancar o nosso município em algumas áreas que consideramos fundamentais: a habitação, naturalmente, o desporto, a juventude, a ação social, a proteção das pessoas e dos bens e a infraestrutura viária. Não consigo elencar uma área que considero que seja mais relevante do que outra, mas em todas estas áreas temos ações imediatas, que consideramos que é necessário implementar quanto antes. E outras, que é para irem sendo aplicadas após esta fase mais imediata do programa.
Uma das que vamos colocar logo em prática é um plano municipal de infraestruturas críticas, com uma relação de toda a rede viária que carece de intervenção. Se calhar, é a medida mais urgente que nós temos de implementar.
O nosso programa é um programa pensado há 12 anos. Acho que temos que, de uma vez por todas, pensar num projeto a médio prazo. Temos, claramente, de transformar o nosso conselho e ter objetivos claros para isso. Independentemente de quem seja vencedor, temos que pensar num concelho do futuro e que tenha já alicerçados alguns planos e alguns daqueles são os seus objetivos. Portanto, vou dizer aquilo que gostaria de pensar daqui a 12 anos. Gostaria de olhar e ver um concelho em que, a nível habitacional, conseguimos ultrapassar um problema que é de cariz nacional e que os nossos jovens não só continuam a trabalhar no concelho, mas também residem nele. Gostaria de ver um parque empresarial no sul do concelho, já com alguma infraestrutura feita e já, eventualmente, até a funcionar com alguns ‘clusters’ que eu considero estratégicos, porque, automaticamente, o nosso interior do concelho também irá beneficiar. Gostaria também de ver, a nível cultural, um palacete em pleno funcionamento, com residências artísticas, com uma diferenciação do paradigma cultural. Gostaria de ver um parque escolar requalificado, para que algumas das lacunas que vamos sentindo, em termos do número de salas de aulas para os nossos alunos, e até da qualidade que essas salas de aulas têm, também já tenham sido ultrapassadas. A nível turístico, gostava também de ver que não só a nossa costa estaria em pleno funcionamento, mas que também o nosso património lagunar já estaria com um potencial turístico bastante interessante e a funcionar em pleno.
3.
A nossa expectativa é que vamos sair vencedores da noite eleitoral e vamos ser o próximo executivo do município durante os próximos 12 anos. Temos tido uma aceitação bastante positiva, muitos incentivos, muitas pessoas que acham que é necessário haver uma alteração naquilo que é o paradigma político nos últimos anos e que, naturalmente, na nossa candidatura essa solução.
Pedro Neto, candidato pelo PS

1.
Eles estão muito relacionados entre si. A questão da limpeza do espaço público, da recolha de lixo, da melhoria desse espaço e, também, apostar em estratégias de resiliência às alterações climáticas. A execução de corredores verdes, a plantação de árvores, principalmente junto às estradas que aquecem mais, e transformar muitas zonas, onde as pessoas agora apenas passam, em sítios onde elas possam estar. Um exemplo é o Largo, ao pé do Palácio de Visconde de Valdemouro e do Tribunal.
Outra prioridade é a administração camarária. É um trabalho que pretendemos fazer envolvendo todos os funcionários, para melhorar muito a administração e o atendimento ao cidadão. Há muita morosidade, muita burocracia. Claro que não podemos fazer tábua rasa daquilo que é a lei e as suas exigências, que também exige burocracia, mas queremos ver soluções com os funcionários públicos que são da Câmara, porque são eles que implementam esses trabalhos e que têm as mãos na massa, todos os dias, para que a Câmara possa funcionar melhor e com mais solidariedade. Outra prioridade é trabalhar a economia de forma mais integrada, continuar a apostar na atração de grandes empresas, mas não para conseguirmos empregos de chão de fábrica, digamos assim. Queremos empregos com melhores salários. Uma outra vertente desta prioridade da economia é desenvolver o turismo. Não só o balnear, o da praia, mas também o da cultura. E esse trabalho também se reveste das políticas de cultura: potenciar a nossa cultura, a nossa história, principalmente os vestígios que temos desde a pré-história, época romana e idade média, no interior do concelho. Revitalizar essas componentes, adaptar vias pedonais e vias cicláveis, que podem até ser carreiros de terra, desde que estejam limpos e sinalizados. Também os caminhos de Santiago e os caminhos de Fátima. É um conjunto de apostas, para depois isso também dar retorno financeiro aos vaguenses, através de um turismo mais qualificado e mais permanente, durante o ano todo.
O terceiro grupo de prioridades é a aposta na sociedade civil, fazer diagnóstico com o IPSS, com associações, com escolas, escutar as suas necessidades, os seus sonhos, a sua visão, e a Câmara ser um potenciador do cumprimento dessas ideias.
2.
Gostava de ver um concelho mais limpo, arrumado e organizado. Há muitas estradas e passeios ao abandono, muitos materiais de obras, até municipais, que estão meio abandonados nas localidades. Gostava de ver, sobretudo, um concelho muito mais bonito para quem nos visita e também para nós, que vivemos cá e trabalhamos cá. Neste momento, o concelho é lindíssimo e com uma diversidade geográfica e de biodiversidade grande, mas não está arrumado. As nossas aldeias e a nossa vila estão um bocadinho ao deus-dará, naquilo que é o investimento na qualidade dos espaços públicos e até nas questões da recolha de lixo. Esta também é uma componente que tem de se trabalhar muito, que é a limpeza e a melhor organização da recolha de lixo.
Depois, também gostava que houvesse obra feita, com os concursos dos fundos do PRR a não ficarem vazios e sem concorrentes. Para isso, gostava, que a Câmara Municipal fizesse um diagnóstico, para perceber porque é que tantos concursos ficam vazios e mitigar todas essas causas, para termos obra feita daqui a quatro anos.
Não tenho qualquer expectativa. Aceitei ser candidato pelo PS porque não tinha obrigações, não tinha nada que me fizesse concorrer de uma forma que não fosse livre. As expectativas são nenhumas, porque o PS é muito minoritário no concelho. Aquilo que eu pretendo, na hipótese de ganhar a Câmara, é poder implementar o programa com mais segurança. Se não ganhar e for eleito vereador, ou com uma equipa de vereadores, também podemos muito influenciar as políticas públicas. Se não for eleito vereador, aí é que fico sem voz e não posso influenciar políticas públicas nem dar ideias. Estamos preparados para qualquer cenário, mas claro que queremos ter representatividade e ter voz.
Olavo Rosa, candidato pelo Chega

1.
A minha primeira prioridade é pôr a Câmara de Vagos a funcionar. A funcionar para as pessoas, para que as pessoas quando lá vão sejam bem recebidas, sejam ajudadas e que os processos sejam rápidos e eficazes. Depois, quero também trabalhar com muita proximidade com as juntas de freguesia, fazendo reuniões de 15 em 15 dias ou de três em três semanas. E eu estando, uma tarde ou uma manhã, tanto junto da população como junto do presidente das juntas. E, quem quiser, aparecer e fazer pedidos e mostrar as suas posições. Defendo uma gestão de proximidade.
Depois, é pôr logo a zona industrial a funcionar e cuidados de saúde e educação. Há muita coisa a fazer em Vagos, assim no imediato.
2.
Gostava de ver Vagos com uma visão aberta para o futuro, com empresas a chegar, com turismo bem recebido, com a saúde, com os postos médicos abertos e com a indústria a chegar. E gostava de ver Vagos com uma Câmara que as pessoas se sentissem bem e à qual quisessem ir como um meio de ajuda, como um meio facilitador. Aquilo que eu proponho para já, no imediato, e tendo em consciência que a Câmara tem uma dívida enorme, todas estas ações são ações que, a bem dizer, não custam dinheiro. É só pôr os sistemas a funcionar e ajudar as pessoas, para que as pessoas também consigam se governar. Porque o meu principal objetivo, e eu uso muito esta expressão, é não querer dar o peixe, mas sim dar a cana de peixe. Ou seja, eu não quero governar, quero criar condições para que as pessoas se governem.
3.
As minhas expectativas é sempre a vitória, não é? Espero que as pessoas tenham consciência de como estava Vagos, das políticas que foram feitas nestas últimas décadas, que nos levaram onde nós estamos. E eu acho que estamos num sítio onde não queremos estar. Estamos num concelho com estradas péssimas, sem condições, estamos atrasados 40 anos em relação, na minha perspetiva, aos outros concelhos. Então, o meu objetivo é que as pessoas queiram esta mudança e que confiem em mim para levar esta mudança e este rumo, para Vagos se tornar competitivo e agradável para as pessoas que cá vivem e para quem nos queira visitar.
Alexandre Loff, candidato pela CDU

1.
Em primeiro lugar, o aspeto cultural da vila e do concelho. A inexistência de um arquivo municipal: é urgente edificar essa obra, no sentido de preservar o património que existe no concelho, nomeadamente os moinhos e a arte xávega. E, então, a Casa Gandaresa, a Casa dos Vidais, que essa se calhar ninguém sabe onde é que isso fica, mas a tabuleta existe, e é um escândalo. Num arquivo municipal, é essencial a digitalização de documentos, seja das atas antigas, atas antiquíssimas, desde 1893, porque as anteriores a isso não existem. Por exemplo, os exemplares antigos do Eco de Vagos, dezenas e dezenas, estão no arquivo municipal do Porto. Tem de se ir ao Porto consultar. Pelos vistos, agora até estão em Braga, porque a Biblioteca de Porto está em obras. Tem de se ir ao Porto, ou a Braga, quando isso poderia estar digitalizado. Eu já falei com uma responsável da Biblioteca do Porto, que se disponibiliza a digitalizar os jornais, desde que esse trabalho seja pago. Pergunto também: onde está o espólio do Duarte Gravato, o famoso Duarte Gravato? Onde está o espólio do Orfeão de Vagos? E o espólio do doutor Paulo Frade? Tudo problemas no aspeto cultural. E uma terra sem cultura, que não preserva o seu passado, é incapaz de projetar o futuro. Há dias, falando com o arquiteto João Carlos Sarabando, ele tem até um esboço do futuro arquivo municipal, que poderia ser onde, em tempos, foi a cerâmica de Vagos.
Outra prioridade são as estradas e os seus buracos. Asssim como a mobilidade, os passeios, o arranjo dos passeios. E a falta de limpeza de caixotes de lixo, não só na vila, mas em todo o concelho. Outro aspeto que nos preocupa é a mancha florestal, porque para os donos conservarem esses terrenos têm de gastar muito dinheiro a limpá-los. Quanto à habitação, não se incentivaram cooperativas nem terrenos para construção de casas de âmbito social. É um dos problemas mais graves.
2.
Gostaria de ver as estradas arranjadas, em primeiro lugar. E arquivo municipal de pé, a iniciar o seu trabalho, assim como o convívio entre todos os vaguenses e mais indústrias no concelho.
3.
As expectativas é que votem na CDU, claro, para que possamos manter ou aumentar a nossa votação, que sabemos que não é muito grande. A CDU é um conjunto de pessoas que, independentemente do seu peso político ou não, conta-se pelos valores, as ideias que se mantém. Não é por causa das modas que deixamos de pensar nos direitos humanos e no bem-estar, no fim das guerras que há no século XXI, nas matanças por este mundo fora e na fome. Gostaríamos de ser uma voz na Assembleia Municipal que alertasse para estes problemas, despertasse outros e contribuísse para a solução de outros problemas. E são vários os que existem em Vagos. Mas em relação à Câmara, gostaríamos muito, se votassem em peso na CDU, era com todo o gosto que acolheríamos esses votos e gostaríamos de ter um vereador, coisa que nunca tivemos em Vagos. Isso era uma alegria enorme.
S.F.