Empresa que opera no Parque Empresarial de Soza anunciou uma rescisão coletiva que afeta 222 funcionários. Câmara está “preocupada”
A Siemens Gamesa, que fabrica pás eólicas no Parque Empresarial de Soza, em Vagos, anunciou que vai avançar com um despedimento coletivo de 222 pessoas, a partir de fevereiro. E dessas, segundo a Câmara, 45 residem em Vagos. A autarquia mostra-se preocupada com o eventual impacto social que os despedimentos podem causar no município e o Bloco de Esquerda, por seu turno, já endereçou ao Governo questões sobre o tema, dado que a empresa recebeu 5,2 milhões de euros em apoios, ao abrigo do programa governamental Compete 2020.
A Siemens Gamesa, que integra a multinacional alemã Siemens Energy, existe em Vagos desde 2020, quando a empresa comprou a fábrica Ria Blades, do grupo Senvion, que havia sido fundada em 2009. O negócio foi avaliado em 200 milhões de euros. Agora, quatro anos depois, vem anunciar um despedimento coletivo de 222 funcionários – dos 1300 que tem –, alegadamente por falta de encomendas. Ao jornal ECO, fonte da empresa justificou a decisão com o facto de a mesma estar a “implementar medidas de reestruturação abrangentes, com o objetivo de regressar à rentabilidade”.
Após a intenção de despedimento se ter tornada pública, a Câmara de Vagos deu conta, a 10 de janeiro, de estar a “acompanhar a situação, preocupada e atentamente, dado o potencial impacto social que poderá existir, como consequência, no município”. Segundo uma nota divulgada pela autarquia, a preocupação maior prende-se “com o futuro dos trabalhadores visados por esta medida”. Desses, segundo apurou o executivo camarário, 45 residem em Vagos. “Sublinhamos que, nem que fosse apenas uma pessoa, independentemente de ser ou não vaguense, ou residir ou não no nosso concelho, já seria motivo suficiente para inquietação”, frisou o município.
Ainda segundo a Câmara, o futuro da empresa não está em causa e a mesma continua a ser a maior empregadora do concelho de Vagos”. Quanto às condições em que vai acontecer o despedimento, à Vagos FM, fonte da Siemens Gamesa Renewable Energy Blades garantiu que está a ser negociado um pacote de compensação mais elevado do que a compensação mínima que está prevista na lei. E explicou, ainda, que os pormenores estão a ser tratados caso a caso.
Devolução de apoios
Na sequência do anúncio dos despedimentos, o Bloco de Esquerda (BE) endereçou, de imediato, questões ao Governo. Em causa estão os apoios governamentais, no montante de 5,2 milhões de euros, que a empresa recebeu, ao abrigo do Compete 2020.
O BE recorda que, em julho do ano passado, a página governamental “Compete 2030” anunciava que a Siemens Gamesa “fortalece liderança no mercado de energias renováveis com aumento de produção de pás eólicas para torres ‘ohshore’ de grandes dimensões”. Isto depois de, em maio, o “O Jornal Económico” ter noticiado “Siemens Energy dispara em bolsa após lucros e mudança de CEO da Gamesa”.
Isabel Pires e José Soeiro, deputados do BE, questionaram o Ministério da Economia sobre que medidas é que o Governo está a tomar para acompanhar o processo e garantir apoio aos trabalhadores despedidos. Na mesma missiva, perguntou, também, se vão ser acionados “mecanismos para a devolução dessas verbas públicas”, tendo em conta os 5,2 milhões de euros em apoios que a empresa recebeu, antes dos despedimentos. “O Governo considera que empresas que recebem apoios públicos podem fazer despedimentos coletivos?”, indagaram, ainda, os deputados do BE, questionando igualmente se vão ser tomadas medidas para que despedimentos semelhantes não aconteçam com outras empresas que são apoiadas com fundos públicos.
S.F.