EFEMÉRIDE
CEE DESAFINADA. Falando no decorrer da sessão de boas-vindas integrada nas comemorações do VIII Dia do Agricultor de Vagos, o Governador Civil de Aveiro, Sebastião Marques, alertou os agricultores do concelho para os perigos, decorrentes da integração na Comunidade Económica Europeia (CEE). Que reconheceu exigir de todos «uma resposta e um dimensionamento verdadeiramente impressionantes».
Sebastião Marques, que presidiu às cerimónias na sede social da Cooperativa Agricola e Leiteira de Vagos, considerou, contudo, que que tal desafio não pode apenas ser resolvido com palavras. «Mais que as palavras bonitas, temos de programar a realização de ações conjuntas, e de nos mostrarmos aptos e conscientes para o trabalho árduo que vamos desenvolver», conferiu o governante, para quem a resposta só pode ser dada com o desenvolvimento do setor cooperativo no país. «Sem por em prática algumas medidas relevantes, orientadas com sentido de responsabilidade e espírito competitivo, a agricultura só sobrará dentro do breve, face ao comércio aguerrido que nos vai chegar do exterior».
Sem deixar de, em termos elogiosos, a ação desenvolvida pela Cooperativa, ao longo dos últimos anos, cujo balanço disse ser «credor de todos nós», Sebastião Marques alertou ainda para o facto que deve ser exigida do poder político uma «resposta clara» para o equilíbrio da
agricultura de Vagos. O comprometimento do Governo só pode ser efetivo, se da parte dos agricultores for desenvolvido trabalho, sério e consentâneo – «sem anarquismos, tudo se vai resolver», confiou o governante.
FALTA DE DIÁLOGO. Antes usara da palavra o presidente da Cooperativa de Vagos, João Simões Pandeirada para reconhecer que o organismo que liderava «existia por vontade própria dos agricultores». Que tinham sentido de algum modo falta de diálogo, com as entidades governamentais, a propósito da adesão de Portugal à CEE assinada a 12 de junho 1985. Sobre a mesa das negociações, entre outros temas, estavam questões relacionadas com o comércio, a agricultura, as pescas e até mesmo a emigração. Um dos primeiros óbices da falta de diálogo terá sido a importação livre do leite, que João Pandeirada disse tratar-se de uma «rasteira aos agricultores», cujo esforço nem sempre tem sido devidamente reconhecido.
Em 1986, as comemorações do Dia do Agricultor foram a 20 de maio, com a presença de diversas individualidades, com destaque para o Governador Civil, Bispo auxiliar da Diocese D. António Marcelino, Presidente da Câmara João Rocha, acompanhado de toda a vereação, Eng. Corte Real, em representação do diretor-regional da Agricultura da Beira Litoral, Dr. Jaime Machado, de Estação de Fomento Pecuário, e a maior parte dos párocos das onze freguesias do concelho.
Após a sessão solene, teve lugar a missa, presidida D. António Marcelino, acompanhado por alguns párocos das onze freguesias do concelho, rezada por alma dos agricultores já falecidos, seguindo-se o almoço típico e regional. Durante o repasto, que contou com a presença de muitas dezenas de associados da Cooperativa, atuaram os Grupos Folclóricos Luz e Vida, da Ponte de Vagos, e do Centro Paroquial de Santo António.
Eduardo Jaques