OPINIÃO

Mulheres na ciência: o desafio entre a vida pessoal e profissional

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A Mulher tem vindo a desempenhar um papel cada vez mais notório e relevante na ciência, nas suas mais diversas áreas. A maior inclusão de mulheres na ciência permite abarcar uma maior diversidade de ideias, de perspetivas e de abordagens, as quais são essenciais para dar resposta às questões e desafios científicos.
No entanto, e apesar dos progressos para diminuir a disparidade de género que existe na ciência, os desafios são enormes. Não só continuamos a enfrentar estereótipos de género na sociedade atual, como existe também uma grande pressão social sobre a Mulher, traduzida em vários desafios e barreiras que esta enfrenta ao construir e consolidar uma carreira científica. A difícil conciliação das vertentes familiar e profissional constitui um dos grandes desafios, se não o maior, na vida destas mulheres, potenciando sentimentos de culpa e dúvidas pelas escolhas feitas e, em alguns casos, o adiamento ou mesmo a recusa da maternidade como solução para evitar um decréscimo na produtividade científica. Por este motivo, é fundamental a existência de políticas e estratégias de apoio, que permitam a harmonização da carreira científica com a maternidade/vida familiar, garantindo assim, condições e recursos para o desenvolvimento profissional pleno das mulheres como cientistas.
Ainda assim, e apesar de todos estes obstáculos e desafios, as mulheres continuam a crescer e a ter um papel de destaque na ciência nacional e internacional. São cada vez mais as mulheres que produzem ciência de excelência e que se distinguem pelos percursos académicos e profissionais exemplares, servindo de inspiração e contribuindo para a formação de novas gerações de cientistas. Citando uma notícia a propósito da exposição Mulheres e Raparigas Brigantinas na Ciência (Centro de Ciência Viva de Bragança): “Promover a presença e o reconhecimento das mulheres na ciência não é apenas uma questão de justiça social, é também vital para o avanço contínuo e eficaz da investigação científica em todo o mundo”.
Há mais de 20 anos que trabalho em Ciência, o que me permite conhecer de perto esta realidade, mas, também, acompanhar o trabalho de colegas e amigas cientistas, e todo o empenho e determinação que colocam em fazer a diferença na ciência e na sociedade, apesar de todas as adversidades e desafios. A todas estas mulheres, deixo aqui expressa a minha mais profunda admiração!

Luciana Rocha
(Doutorada em Química pela Universidade de Aveiro)

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