NO CONCELHO

Quebra-mar não é solução para a praia da Vagueira

Estudo concluiu que muralha de 300 metros não iria travar o problema da erosão costeira

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) entende que não estão reunidas as condições mínimas para que seja construído um quebra-mar destacado na praia da Vagueira. Por isso, não vai avançar com a intervenção. A decisão foi tomada na sequência de um estudo encomendado ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil, à Universidade de Aveiro e ao Instituto Superior Técnico. A solução para mitigar a questão da erosão costeira, naquela praia do concelho de Vagos, passará, assim, pela deposição de sedimentos.
A construção do quebra-mar implicaria a edificação de uma espécie de muralha, de 300 metros de comprimento, a 300 metros da costa. E o objetivo é que diminuíssem os galgamentos, permitir a expansão do areal e potenciar, ao mesmo tempo, as ondas para a prática de surf. No entanto, o estudo encomendado pela APA identificou vários constrangimentos e restrições, ainda que a obra fosse tecnicamente viável.
Na apresentação do estudo, este mês, ficou clara a “existência de um potencial conflito entre a implementação do quebra-mar e a mobilidade natural, com elevado dinamismo, do sistema de barras submersas da praia submarina, podendo por em risco a segurança de banhistas”.
Ao mesmo tempo, ficou claro que a construção do quebra-mar poderia “implicar uma maior erosão a sul do esporão da Vagueira do que aquela que ocorreria se este não fosse construído”, a não ser que fosse feita, também, uma intervenção “de reforço aluvionar (alimentação artificial da praia com areia”. Além disso, a edificação da estrutura não iria potenciar um acréscimo significativo do areal e “a redução do risco de galgamento” seria “insignificante”.
Na apresentação do documento, a APA deixou claro, ainda que existe uma “grande incerteza nos resultados da análise custo-benefício – devido à elevada incerteza nas estimativas de custo e de manutenção – e uma grande dificuldade na realização de operações de manutenção”. Por esses motivos, optou por não avançar com a obra.
Mitigar a erosão
A “reposição parcial do balanço sedimentar, através da realização de alimentações artificiais de praia” foi a solução alternativa encontrada, pela APA, como medida de mitigação da erosão costeira na praia da Vagueira. Até porque os resultados da monitorização que tem sido feita na Costa Nova, em Ílhavo, mostram que as intervenções de alimentação artificial que ali têm sido feitas, nos últimos dez anos, pela Administração do Porto de Aveiro, “têm efetivamente contribuído para a redução da tendência erosiva de longo prazo e mitigado os efeitos negativos causados pelos temporais na linha de costa”.
Em Vagos, a ideia passará, nos próximos anos, por utilizar os sedimentos provenientes de dragagens de manutenção para alimentar a praia. Mas, caso a monitorização indique que o volume desses sedimentos se está a tornar insuficiente, a APA já anunciou que tem em vista a realização “de uma candidatura para a obtenção de financiamento comunitário, recorrendo para o efeito à mancha de empréstimo de sedimentos localizada ‘off-shore’”.
S.F.

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