OPINIÃO

“Israel só terá segurança, quando a Palestina tiver esperança”

Opinião
O título deste artigo cita uma declaração de um chefe da polícia secreta israelita, num passado recente.
Irei opinar sobre “velha guerra” com dados importantes para nos ajudar a todos a recordar que a solução para este problema irá ter “soluções péssimas” para ambos os lados. Atacar a população civil como ocorreu no dia 7 de outubro é um crime contra o direito internacional, contra os valores morais e contra a humanidade. O ataque do Hamas, incluiu o rapto, mutilação e o assassinato de civis desarmados, desde crianças a idosos. Instalações de saúde não foram poupadas, com relatos confirmados de ataques e sequestros a profissionais de saúde. Tudo filmado e partilhado nas redes sociais, talvez por esta nova forma de publicidade, os líderes de alguns países se deslocam a Israel como se fosse um evento tipo Moda Lisboa, só faltou o nosso presidente.
Estes ataques constituem uma violação flagrante dos direitos humanos e devem ser condenados de forma inequívoca.
Também não podemos esquecer os 17 anos de cerco que Gaza sofre. Mais de 2 milhões de habitantes, segundo a ONU, metade são menores, muitos deles refugiados ou filhos de refugiados. Por exemplo um jovem nascido em 2006, já passou pelas seguintes principais guerras, segundo a terminologia israelita:
• Operação Chuva de Verão (junho 2006)
• Operação Nuvens de Outono (outubro a novembro 2006)
• Operação Inverno Quente (fevereiro a março 2008)
• Operação Chumbo Fundido (dezembro 2008-janeiro 2009)
• Operação Eco em Curso (março 2012)
• Operação Pilar de Nuvem (novembro 2012)
• Operação Margem de Proteção (julho a agosto 2014)
• Operação Cinturão Negro (novembro 2019)
• Operação Madrugada (agosto 2022)
• Operação Escudo e Seta (maio 2023)
Quando as organizações não violentas se organizam para protestar contra o cerco, como na Marcha do Grande Retorno de 2019, o exército israelita respondeu com excessiva violência e brutalidade que causou duas centenas de mortes. Quando protestos pacíficos são respondidos com esta dose de violência, torna-se difícil mobilizar a população para ação política.
O Hamas, organização criada e treinada por Israel no passado, para não permitir a união entre palestinos, o seu objetivo não passa por nenhuma libertação da Palestina. Pelo contrário, o seu projeto envolve a utilização da violência não só contra civis israelitas, como contra o seu próprio povo. As suas ações têm de ser totalmente repudiadas. Também deve ser denunciada a dinâmica que alimenta ambos os extremos desta triste história. O governo israelita precisa do Hamas, e o Hamas precisa do governo israelita. A violência é adubo para ambos.
Os palestinianos e os israelitas merecem um futuro com esperança. Não podemos deixar que mais uma geração cresça em constante guerra e destruição. Precisamos quebrar o ciclo de dor e violência.
Poucos leitores de recordam do ataque israelitas aos campos de refugiados de Shabra e Chantila em Beirute Ocidental entre 16 e 18 de setembro de 1982 que mataram cerca de 3 mil palestinos, assassinados com requintes de crueldade e quarenta e um anos depois, a ferida segue aberta. Para tratar esta ferida é necessário termos menos ideologia e infelizmente isso não está a acontecer.
Voltarei, espero que em tempo de paz.
Joaquim Plácido

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