EFEMÉRIDE

Inauguração e missa entram na campanha

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Dia histórico na paróquia de Santo André, para a inauguração da nova igreja. Teve honras de primeira página no Terras de Vagos, que classificava o acontecimento como «o mais belo, mais digno e mais sublime até hoje realizado na freguesia». A cerimónia foi testemunhada por uma «multidão imensa de fiéis». Embora não tivesse sido oficialmente convidado, entre a assistência estava o ministro da Administração Interna, Ângelo Correia, acompanhado pela presidente Alda Victor e o vereador João Rocha.
Presidiu à celebração eucarística o bispo de Aveiro. Coadjuvado pelo pároco da freguesia, Manuel Alexandre Rocha, e demais sacerdotes, D. Manuel Almeida Trindade, benzeu a igreja e procedeu à sagração do altar. Na homilia, lembrou quantos tornaram possível a construção do templo, através de dádivas coletivas ou cortejos de oferendas. «Aquele que dá que dê com alegria recomendava S. Pedro», disse D. Manuel, sinalizando a «preciosa ajuda», técnica e financeira, concedida pela Direção Geral Equipamento Regional e Urbano, representada pelo Eng.º Tavares da Conceição.
«A igreja está feita, digo a igreja de pedra e cal, ou, para usar a expressão de Sto. Agostinho, a casa da igreja. Mas enquanto se construiu a de pedra e cal, ia-se também construindo, ou continuando a construir, a outra igreja, bem mais importante que a primeira», diria o prelado. Referia-se à igreja «que é feita dos homens», recordando que a sua construção «faz-se pela capacidade de superar as dificuldades, de dar e receber o perdão, de esquecer as ofensas, de olhar para a frente com esperança, de apreciar o trabalho de cada um e de o integrar no conjunto, pela partilha alegre e generosa dos bens».
«Davam com alegria os de cá, davam com alegria os que se encontram longe», explicitou D. Manuel, reconhecido, destacando a contribuição «muito expressiva» da comunidade emigrante, nomeadamente a da Venezuela, onde a angariação de fundos tinha sido conduzida pelo Pe. Manuel Joaquim Rocha.
CORAÇÃO DE PASTOR. Um «jovem e esperançoso sacerdote», como carinhosamente foi tratado pelo bispo de Aveiro, ao revelar que «em certo momento de maior aperto económico, se dispôs a visitar os seus amigos emigrantes na Venezuela e de lá trouxe avultada quantia». Acabaria por reunir milhares de bolívares (mais de dois mil e quatrocentos mil escudos), na capital Caracas, e ainda nas cidades de Barinas, Biscucuy, S. Carlos, Água Blanca, Valência, Puerto Cabello, Cumaná e Puerto La Cruz Barcelona.
Na homilia, D. Manuel referiu-se, ainda, ao pároco de Santo André, nos seguintes termos: «Não esqueço a última palavra, uma palavra devida. O Pe. Manuel Alexandre da Rocha deve ser dito, aqui em voz alta. Faço-o com íntima e profunda satisfação. Vi-o tão doente e tão deprimido em certos momentos, que cheguei a recear pela sua vida. (…) Ele soube construir a Igreja, (falo da Igreja no duplo sentido da palavra), com muita abnegação, com grande espírito de sacrifício, muita humildade, um grande coração de pastor. (…) A igreja está construída. A freguesia de Santo André dispõe agora de um instrumento, mais apto para a construção do Reino de Deus aqui. Que não lhe faltem as forças e o entusiasmo para continuar a missão; meu caro Pe. Alexandre permita que, em meu nome pessoal e de todos os seus paroquianos, o abrace com muita gratidão com muita amizade».
Construída, por administração direta, a partir de 1974, a nova igreja era (ainda é) uma obra de arte imponente, de «linhas modernas e funcionais, a última palavra em arquitetura sacra», diria Basílio Oliveira. O seu custo terá ultrapassado os 16 mil contos, verba suportada pelo «generoso e bom povo» de Santo André. Quanto ao Estado acabaria por sinalizar a construção da nova igreja, através de uma «boa comparticipação financeira», cujo montante nunca chegou a ser revelado.
Eduardo Jaques

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