ECO DA SANTA CASA

Reis, mais de 80 anos de tradição, no Lombomeão…

(Por Eduardo Tomé)

O Senhor Eduardo Tomé, nosso residente desde maio de 2020, é um aficionado da tradição de comemoração dos Reis no Lombomeão. Tradição que completou, em 2021, 80 anos. Homem de quase 86, o senhor Eduardo, desde o berço que vive esta tradição que tanto caracteriza o povo do Lombomeão. Desde que se lembra, ainda garoto, com 6/7 anos já presenciava o espetáculo com o desejo formado de nele participar, o seu rosto espelha essa felicidade, esse gosto, esse orgulho, é experimentar falar-lhe dos Reis e vislumbrar um sorriso de orelha a orelha e nos seus olhos o brilho da estrela anunciadora.
Conta-nos que o Senhor José Vicente foi para ele uma inspiração, representava muito bem, e um papel bastante difícil, o do Rei Herodes. Ainda pequenito, o senhor Eduardo admirava-o, e seguiu as suas pegadas, veio então a ser Herodes, no seu primeiro papel, que representou aos 19 anos. Depois deste primeiro papel, a sua “carreira de ator”, só parou quando tinha sessenta e poucos anos, segundo nos conta, muito orgulhoso do seu percurso, tão ativo, nesta tradição, que corre nas suas veias tal como o seu sangue. A história tem 22 personagens, dura cerca de 2 horas e meia e o senhor Eduardo sabe, de cor, todos os papeis, todas as falas. Memória incrível com 85 anos de vida!
Nesta quadra de reis, consideramos que seria uma mais valia, espelhar esta riqueza de tradição vaguense, nas nossas redes sociais. É, então, com igual orgulho que partilhamos convosco, quer os vídeos, quer esta notícia que os contextualiza.
Acontecia, todos os anos, no Lombomeão, num domingo de fevereiro, porque em janeiro os dias ainda são muito curtos e o espetáculo é grande. Atores vestidos a rigor, com roupas que iam alugar a Aveiro, ao norte do lugar dava-se a chegada dos 3 Reis Magos, cada um vindo do seu sítio, montado no seu respetivo cavalo, o publico seguia os atores em cortejo.
Seguiam para o campo dos pastores, onde mais um cenário os esperava, e, aí, faziam uma fogueira, comiam umas chouriças e bebiam o vinho de uma cabaça.
Na cabana do velho Semião, o velho e um moço travavam uma conversa, em seguida, na Fonte de Elias, dois árabes discutiam, apareciam também outras personagens e bebiam água santificada pelo profeta Elias. Depois de beberem a água, continuavam a jornada até ao Palácio de Herodes, aqui se desenrolava a parte mais longa do espetáculo. Todos se questionavam onde teria nascido o menino Jesus e, com a intervenção dos Doutores da Lei, tornara-se publico que teria sido em Belém de Judá. A gruta de Belém é, então, o próximo cenário do espetáculo, onde se encontra Maria, José e o menino. Todos os o vão adorar e aparece um anjo que informa que o Rei Herodes tem intensão de mandar matar o menino. José parte em busca de auxílio, dá-se, então, seguimento ao cenário da fuga para o Egito.
O espetáculo termina com o beijar do menino.
Os espetadores traziam oferendas, pão, chouriço, pão de ló e outros doces, cebolas, batatas e outros produtos da terra, vinho, tudo era vendido a leilão e o dinheiro revertia a favor da igreja.
Bem ajam as tradições, que mantém vivas as memórias de muitos dos nossos idosos!


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