OPINIÃO

Um Sábio de Portugal

Escrever sobre Adriano Moreira é uma tarefa tão fácil, quanto complicada. A contradição nos termos advém da grandeza da sua personalidade. Será simples escolher traços característicos de um dos maiores talentos nacionais nas áreas académica, política e do pensamento. No entanto, é grande o risco de falhar e omitir um dos aspetos essenciais da sua longa e rica vida. Desse modo, e através deste texto, pretendo apenas relembrar a figura de um sábio, inquieto até aos seus últimos dias, e que deixou marcas muito fortes nas diversas entidades nacionais, desde a Universidade até várias instituições políticas.

O transmontano, frontal; preocupado com a aplicação em concreto da doutrina social da Igreja e da democracia cristã; empenhado na evolução da Academia; preocupado com a elegância das formas; com o respeito pelo outro e com a afirmação de Portugal no mundo, deixou marcas indeléveis nos séculos XX e XXI de Portugal. Sempre quis o melhor para o nosso país. Não se conformava com o que tínhamos.

Esse inconformismo fez dele nas diversas vertentes da sua vida, desde a familiar até à mais pública, um verdadeiro exemplo a seguir – que granjeou uma respeitabilidade generalizada, ao alcance de muito poucos. Todo este seu legado é verdadeiramente intemporal. Mas acima de tudo é muito desafiante. A defesa bem pensada de uma sociedade centrada na proteção dos mais vulneráveis, de um país à procura do seu conceito estratégico, na afirmação da lusofonia e da língua, e de um mundo que de forma multilateral consiga responder aos diversos desafios contemporâneos, não pode esbarrar na nossa passividade.

O primeiro passo para podermos estar à altura do legado incomensurável que nos deixou é a organização de uma homenagem nacional a Adriano Moreira. Só desse modo, poderemos demonstra estar à altura de um dos nossos maiores e “plantar as macieiras” de que tanto necessitamos.   

Diogo Feio

Ex líder parlamentar do CDS

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