Faz 12 anos que passei pela Santa Casa, mas continuo a guardar memórias de um tempo bem passado. Ao longo destes anos, a Santa Casa cresceu, consolidou-se, inovou e manteve-se igual a si própria, uma referência no concelho de Vagos, e em minha opinião no país. Passo a explicar.

Estamos em 2022, vivemos (ainda) tempos de incerteza, depois de dois anos de uma crise pandémica sem precedentes nos tempos modernos, passamos agora por novos desafios, o genocidio dos nossos irmãos ucranianos às mãos dos russos, a crise energética decorrente da guerra, a inflação dos preços dos combustíveis, o agravamento da falta de médicos no SNS, a subida das taxas de juro, o aumento da pobreza, as alterações climáticas cada vez mais frequentes, o contínuo agravamento da baixa taxa de natalidade e o cada vez maior envelhecimento da nossa população.

Apesar de todos estes desafios, a Santa Casa continua a ser um “porto seguro” para todos os que dela precisam, da infância à educação e formação, da saúde à promoção da qualidade de vida no envelhecimento, na intervenção comunitária, na cultura e informação, a Santa Casa está lá, contribuindo assim para o bem-estar de todos, dos seus colaboradores, dos utentes, dos parceiros e de toda uma comunidade que em algum momento recorrerá aos serviços e oferta que esta tão bem disponibiliza.

Foi esta a Santa Casa que em 2009 conheci e que em 2010 levei no coração. A sua cultura, visão e valores, bem como a qualidade da sua intervenção fez com que ao longo destes anos a tenha levado sempre comigo enquanto referência de boas práticas na minha atuação em várias áreas intervenção social, bem como também no ensino e formação de novos profissionais. Ela também tem estado presente no questionamento e investigação das politicas públicas e na importância de uma intervenção alargada junto da communidade.

Para melhor contextualizar o que procuro transmitir, recomendo ao leitor a leitura do livro de Anu Partanen “The Nordic Theory of Everything” em inglês (que significa “A Teoria Nórdica Sobre Tudo” numa tradução livre para o português), onde esta jornalista filandesa atualmente a viver em Helsínquia após 10 anos radicada nos Estados Unidos, nos leva a descobrir a importância da felicidade e bem-estar social através da comparação de aspetos da vida nos Estados Unidos e nos países nórdicos, incluindo a saúde, o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, a educação e valorização da família, entre muitos outros aspectos que diretamente se relacionam com a busca da felicidade e bem-estar pessoal na comunidade onde vivemos.

Vagos e a Santa Casa oferecem isso tudo. Não irei aprofundar-me em comparações específicas que o leitor provavelmente não entenderia, mas gostaria de reforçar que quando somos expostos a outras realidades, culturas e modelos de solidariedade, vemos que afinal dispomos de tudo o que precisamos para uma boa qualidade de vida, independentemente do nosso poder de compra, nível de educação, condição de saúde e cultura.

A Santa Casa, enquanto instituição deixa saudades a todos os que por ela passa(ra)m. A sua existência, crescimento e inovação em prol do bem comum da comunidade nos leva a (re)descobrir a importância da felicidade e bem-estar social que a mesma produz. Sejamos gratos por tudo o ela nos oferece.

Filipe Duarte

Professor Universitário[1]


[1] Universidade de Windsor, Canadá.

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