OPINIÃO

Deu tudo… e ficou rico!

Há poucas pessoas capazes de gerar admiração geral em toda a população. Rui Nabeiro foi um desses raros seres humanos. Quis o destino que a notícia do seu falecimento chegasse a 19 de março, Dia do Pai, uma data carregada de simbolismo e que encaixa na perfeição no percurso deste empresário alentejano.
Multiplicaram-se declarações e elogios sobre as suas qualidades e quase não se lhe conheciam defeitos (como qualquer ser humano, também os tinha) e importa perceber um pouco a razão deste aplauso generalizado. O presidente Mário Soares atribuiu-lhe o título de “Comendador”, mas em Campo Maior, a terra que o viu nascer e que nunca abandonou, todos o conheciam apenas por “Sr. Rui”.
O Rui Nabeiro era filho de um casal de pequenos comerciantes e construiu um império avaliado em 450 milhões de euros, segundo a revista Exame. Lançou os cafés Delta, e contava com mais de 3 mil trabalhadores, no entanto, ao contrário de outras empresas da mesma dimensão, não se ouviram relatos de greves ou agitação social. Isto porque o “Sr. Rui”, como todos os conterrâneos o tratavam, era um homem generoso. Não se preocupava apenas com os lucros das suas empresas. Também construiu escolas, acarinhava os empregados e apoiou inúmeras instituições humanitárias. Tudo isto sem perder de vista o rigor e a disciplina no trabalho. “Hoje é domingo, mas amanhã tratamos disso”, foi uma das frases recordadas pelos colaboradores.
O maior legado de Rui Nabeiro foi o humanismo das suas ações, tão raro nos dias de hoje. A generosidade que o caracterizava levava-o a tentar ajudar sempre quem lhe batia à porta. Era também muito inovador e sempre disponível para os jovens, características que manteve mesmo na sua velhice. Deu tudo o que podia dar… e ficou rico. E todos nós também enriquecemos com o seu exemplo. Portugal deve prestar-lhe a devida homenagem e nunca esquecer a sua obra, seguindo a simplicidade que o caracterizava.
Obrigado Sr. Rui!

Luís Silvestre
Assessor de Imprensa

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