NO CONCELHO

Pais e professores em “guerra” devido à greve

Diretor do agrupamento não deixou alunos entrar na escola por “questões de segurança”

A greve de pessoal docente convocada, a nível nacional, pelo Sindicato de Todos os Professores (S.TO.P.), para os dias 9, 12, 13, 14, 15 e 16 de dezembro, causou problemas em Vagos. Alegando questões de segurança, a direção do Agrupamento de Escolas de Vagos (AEV) decidiu não deixar os alunos entrarem na EB Dr. João Rocha Pai e na Escola Secundária, a não ser que tivessem aulas. Só que a deliberação não foi vista com bons olhos pelos encarregados de educação, que se indignaram por os alunos ficarem à porta das escolas, à chuva e ao frio.

Os professores de ambas as escolas aderiram em massa à greve, principalmente às primeiras horas da manhã. E, depois de um início de greve alegadamente caótico no interior dos estabelecimentos de ensino, com quase todos os alunos a não terem aulas, a direção do AEV optou por não voltar a deixá-los entrar, enquanto não fosse confirmada a presença dos docentes que estavam ao serviço.

“O que nos levou a tomar algumas medidas, nomeadamente a questão da entrada de alunos no edifício, foi porque tivemos cerca de 500 ou 600 alunos todos concentrados no mesmo espaço, ainda para mais com chuva, porque não temos muitos espaços cobertos”, explicou o diretor do AEV, em declarações à Vagos FM. “Eu sou o responsável pela segurança dos alunos no interior do edifício e considero que não estavam reunidas as condições de segurança. A escola tem que tomar as medidas que considere necessárias”, sublinhou Hugo Martinho.

A decisão, rapidamente, causou indignação junto dos pais dos alunos. Mas também não tardaram as críticas, por parte do AEV, aos encarregados de educação. “Os pais criticam muito por deixarmos os alunos cá fora, mas eu vejo alunos que não trazem guarda-chuvas, num dia como hoje [de chuva], e que vêm de sapatilhas, como se fosse verão”, adiantou Hugo Martinho, quando falava à Vagos FM, acusando os pais dos alunos de não tomarem medidas adequadas. “E imputam responsabilidade à escola, porque eu tenho que acolher os meninos. Mas só tenho que os acolher se tiver condições de segurança”, frisou o docente.

Associação de pais contra

A “guerra” entre a direção do agrupamento e os pais dos alunos estendeu-se também à Associação de Pais e Encarregados de Educação de Vagos (APEVV), responsável pelo ATL, que, numa primeira fase, decidiu acolher os alunos cujos professores tivessem em greve – o que não foi aceite pelo sindicato dos professores.

No entanto, após um pedido de esclarecimento à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, a associação viria a informar que não estava autorizada “a assegurar as crianças, no caso das respetivas professoras se encontrarem em greve”. “A APEVV continuará a lutar contra esta posição, que considera abusiva por parte do sindicato, e a pugnar para que os alunos não sejam impedidos de entrar na escola”, esclareceu a associação.

Nas redes sociais, na internet, nomeadamente na página de Facebook da APEVV, foram vários os comentários que demonstraram o desagrado dos pais pela situação. “Impedir a entrada de alunos, como foi feito esta semana, deixando-os à sua sorte, em plena intempérie, é revelador da falta de bom senso e sensibilidade de quem gere o agrupamento”, escreveu um encarregado de educação. “É uma tremenda falta de respeito dos professores para com pais e alunos. Eles têm o direito à greve, mas onde fica o direito do acesso dos alunos à educação e o direito de os pais poderem ir trabalhar?”, questionava outro. O S.TO.P. já pré-convocou nova greve, para todos os dias do mês de janeiro, mal as aulas retomem depois das férias de Natal.

S.F.

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