ECO DA SANTA CASA

A Força do Trabalho em Equipa na CAR

Trabalhar numa casa de acolhimento é lidar com o inesperado. Há jovens com traumas profundos, jovens com problemas de neurodesenvolvimento, jovens que testam os limites, medos que se transformam em silêncio ou em gritos de revolta, consumos e automutilações que apaziguam as dores emocionais. Nenhum profissional consegue lidar com tudo isto sozinho. Desde a diretora técnica, a educadora social, a psicóloga e a assistente social que compõem a equipa técnica até às auxiliares educativas e gerais que compõem a equipa educativa, todas têm um papel específico, mas a sua missão é comum: cuidar, proteger e reconstruir.
O desafio é diário para quem trabalha nestes contextos, não há dois dias iguais. Uns são intensos, por vezes muito duros, outros são, às vezes, inspiradores e tranquilos, mas todos são emocionalmente exigentes. Trabalhar 24 horas sobre 24 horas, 365 dias por ano, implica horários com a rotatividade de profissionais, os múltiplos desafios de cada acolhimento, as especificidades de cada adolescente, os desafios que cada família lança e os processos burocráticos e a articulação com diversas entidades, as CPCJ, os tribunais e as várias escolas, tornam tudo ainda mais complexo.
Mas quando há uma equipa coesa, que se escuta, que reflete em conjunto e que se apoia nos momentos difíceis, as coisas mudam. Não é só o ambiente da casa que melhora, é também a vida das jovens acolhidas.
A Comunicação é tudo! Pode parecer simples, mas não é: para uma equipa funcionar bem, tem de haver tempo e espaço para comunicar. Partilhar informações e conversas que se ouviram entre as jovens, partilhar perceções sobre os seus estados emocionais não é perder tempo!
A comunicação na CAR vai mais além do que as partilhas informais. A comunicação acontece nas reuniões regulares das equipas técnica e educativa, onde se partilham estratégias e preocupações; acontece sempre que, no esforço de sabermos responder cada vez melhor aos desafios do acolhimento, frequentamos ações de formação contínua e acontece acima de tudo pelo respeito mútuo. Somos todas diferentes e podemos ter olhares diferentes sobre os desafios que as jovens nos lançam, mas, em equipa, na CAR as diferenças produzem força. Ainda nos falta a supervisão técnica externa, mas havemos de lá chegar!
Na CAR há muitas histórias que ficam e momentos que marcam. São as jovens que nos chegam revoltadas, sem confiar em ninguém, e que conseguem sair, mais tarde, com um sorriso e um abraço apertado e voltam anos depois para nos dizer que afinal o seu (e nosso) sacrifício valeu a pena. São estas histórias que mostram que o trabalho em equipa não é só importante — é essencial. Porque aqui, mais do que técnicos, tornamo-nos em adultos significativos. E o impacto disso pode durar uma vida inteira.
Trabalhar numa casa de acolhimento é, muitas vezes, um ato de resiliência. Mas também é uma oportunidade única de fazer a diferença, todos os dias. E ninguém o faz sozinho…Porque nas casas onde se acolhem vidas partidas, a reconstrução é sempre um trabalho em conjunto. É uma missão com rosto humano!

Casa de Acolhimento Residencial

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