NO CONCELHO

Rui Cruz volta à presidência da Câmara: “O povo falou, está falado”

PSD voltou a vencer as eleições autárquicas em Vagos, com 45,91% dos votos, mas o CDS e o Chega “roubaram” vereadores aos sociais-democratas

Rui Cruz é o novo presidente da Câmara de Vagos, regressando ao cargo que exerceu durante 12 anos, entre 2001 e 2013. No entanto, o PSD, partido pelo qual foi eleito, perdeu terreno, comparativamente às eleições autárquicas de há quatro anos, ainda que tenha assegurado a maioria. Na altura, os sociais-democratas tinham elegido seis dos sete mandatos disponíveis na autarquia. Desta vez, ficaram-se pelos quatro. Por seu turno, o CDS, cuja lista era liderada por Hugo Santos, conseguiu ganhar dois mandatos – quando, em 2021, apenas tinha visto ser eleito um vereador. E o Chega entra, pela primeira vez, no executivo camarário, com Olavo Rosa a garantir a eleição.
Rui Cruz foi eleito, sendo escolha de 45,91% dos votantes. Com 5850 votos (menos 1237 do que nas eleições de 2021), a lista social-democrata elegeu ainda, como vereadores, António Castro, Isabel Capela e Maria da Graça Gadelho. Em segundo lugar, tal como há quatro anos, ficou o CDS. Desta vez, contudo, elegeu dois vereadores – Hugo Santos e Óscar Francisco –, com 26,72% dos votos. Votaram nos democratas-cristãos mais 1135 pessoas, num total de 3405.
O terceiro lugar, que nas últimas eleições autárquicas era do PS, pertence agora ao Chega, que subiu de 5,41% para 13,14% dos votos (1674 pessoas), elegendo um vereador para a oposição. Os socialistas, ainda que tenham tido mais votos do que em 2021 – passando de 1021 para 1242, o que se refletiu num resultado, este ano, de 9,75% – não conseguiram mais do que o quarto lugar e voltaram a não conseguir eleger ninguém para o executivo camarário. Em último, ficou o PCP, que foi escolha de apenas 0,83% dos munícipes que foram às urnas.
Abstenção desce
Ainda que ligeiramente, a abstenção, em Vagos, no ato eleitoral de 12 de outubro, desceu, passando de 46,83% para 43,57%. Dos 22580 votantes inscritos, compareceram nas mesas de voto 12 741. Além disso, houve 270 votos em branco e 194 nulos.
Já depois de os números do concelho serem conhecidos, Rui Cruz mostrou-se satisfeito, mas assumiu, no seu discurso de vitória, que “o resultado não era aquele que estava à espera”. Ainda assim, assegurou que vai trabalhar “para cumprir aquilo que foi prometido ao povo de Vagos”. “E aquilo que prometemos vai, efetivamente, ao encontro das famílias, das empresas, do emprego, das associações e das instituições. Vamos desenvolver, económica e socialmente, a nossa terra. Vamos acelerar esse desenvolvimento e calar o voto de protesto, que tem falado bem alto e que estava a falar bem alto nestas eleições”, deixou claro o novo presidente da Câmara.
Já antecipando o futuro, Rui Cruz garantiu que, daqui a quatro anos, prestará contas. E sublinhou a vontade expressa pelos vaguenses: “O povo falou, está falado”.
Ainda nas palavras que proferiu após a vitória, o autarca – cuja tomada de posse acontecerá em breve – lamentou, contudo, os resultados alcançados pelo partido em algumas das freguesias. “Não consegui ajudar a ganhar a freguesia de Santo António [cujo candidato era Fernando Jorge Julião], a de Calvão [Paulo Margarido] e a de Ouca [Luciete Quintaneiro]”, deixou claro Rui Cruz, sublinhando a “mágoa” que sentia.
Também após a divulgação dos resultados, Hugo Santos, que deixa a presidência da Junta de Ouca para assumir o papel de vereador da oposição, na Câmara, deixou uma mensagem de “gratidão e esperança”. “O povo de Vagos falou e, como democratas, respeitamos a sua escolha com serenidade e humildade. Não vencemos esta eleição, é verdade, mas vencemos em algo ainda mais importante: vencemos em coragem e em convicção”, realçou o autarca, frisando que o CDS teve “mais 1100 pessoas” que acreditaram no seu projeto, comparativamente com as eleições de 2021. “Esse crescimento traduz-se num voto de confiança que muito nos honra e responsabiliza”, garantiu.
Já o PS local, que voltou a não conseguir eleger ninguém para a Câmara e apenas dois deputados para a Assembleia Municipal, fez questão de assumir que, embora o partido continue “a ser uma grande força autárquica nacional e a verdadeira alternativa política em Portugal”, “em Vagos o caminho é mais difícil”. “Mas o trabalho e a coragem de quem representa o PS num contexto exigente merecem o maior reconhecimento. Mais do que resultados, orgulhamo-nos de ser fiéis aos nossos princípios – de serviço público, de proximidade e de defesa intransigente das pessoas”, referiram os socialistas, cuja lista à Câmara era liderada por Pedro Neto.
“Novas” freguesias
Com a desagregação das uniões, Vagos voltou a ter 11 Juntas de Freguesia. Dessas, oito ficaram nas mãos do PSD e três nas do CDS. Nas Juntas sociais-democratas, mantêm-se nas mesmas mãos Soza, com Nelson Cheganças, Santo André, com Paulo Silva, e Ponte de Vagos (desanexada de Santa Catarina), com Marisa Silva. No que aos novos rostos diz respeito, Rui Filipe Fernandes vai liderar a Gafanha da Boa Hora, João Mário Grave venceu em Vagos (desagregada de Santo António), Santa Catarina conta agora com Cláudio Curto, Fonte de Angeão (separada de Covão do Lobo) com Raquel Conde e Covão do Lobo com Carlos Rumor Curto.
No lado do CDS, as três Juntas de Freguesia conquistadas são Calvão, com Filipe Jorge a iniciar o seu terceiro mandato, Ouca, onde Liliana Cruz sucede a Hugo Santos, e Santo António, onde foi eleito Sérgio Quintaneiro. A vitória mais renhida foi, mesmo, a de Santo António, onde o CDS ficou à frente do PSD por apenas 20 votos.
O PSD também voltou a assegurar a liderança da Assembleia Municipal de Vagos (AMV), com Juan Martins a ser eleito como presidente e a suceder a Rui Santos – que foi escolhido como número dois da Câmara de Aveiro, cuja presidência vai ficar nas mãos de Luís Souto. Mas, também nessa votação, os sociais democratas perderam alguma força, elegendo 11 deputados municipais, em vez dos 13 de há quatro anos. Na AMV, o PSD passou de 56,35% dos votos para 46,64. Em segundo lugar, ficou o CDS (24,93%), seguindo-se o Chega (14,09%), o PS (9,33%) e o PCP (1,03%) – com os comunistas a serem os únicos que não ficam com representação na Assembleia.
S.F.

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