Editorial
Para muitas pessoas, setembro é tão importante, ou mais, no desenrolar das suas vidas, do que janeiro. É o tempo de início e de recomeços. É altura de traçar objetivos e metas, de fazer planos e de arrumar, juntamente com a roupa de verão que regressa ao fundo dos armários, velhos hábitos cansados ou pouco saudáveis. Tal como nos casos em que esses objetivos são traçados a 1 de janeiro, muitos deles vão ser sol de pouca dura. Mas, já diz o ditado, o que conta é a intenção.
Acontece que a “rentrée”, este ano, é pautada por tempos que são, efetivamente, de mudanças. Saindo agora do campo individual para o coletivo, a aproximação das eleições autárquicas vai levar a mudanças reais. Mais não seja porque, em todo o território nacional – e, em concreto, nos municípios da região de Aveiro e, mesmo, na Câmara de Vagos –, os rostos das lideranças vão alterar-se. Em muitos casos, porque a limitação de mandatos assim o obriga. Por isso, setembro, arrancou com vigor, no que a promessas diz respeito. Se há época rica em promessas, essa época é a de campanha eleitoral. E já que nos habituámos a campanhas curtas e intensas, no mês que precede as eleições autárquicas jorram planos e intenções.
O verão, este ano, não se despediu de mansinho. Pareceu acabar quando ainda estávamos nos últimos dias agosto, com pressa para que o outono ocupasse o seu lugar. Nas autarquias, as despedidas de algumas autarquias também parecem seguir-lhe o exemplo. Já deitaram a toalha ao chão e arrumaram-na, para dar espaço a quem lhes seguirá. Noutros casos – veja-se a Câmara de Aveiro –, há projetos a serem lançados com força, em catadupa, até aos últimos dias de mandato, porque “até ao lavar os cestos é vindima”, não é? Depois, vem o curioso: nuns casos e noutros, há críticas. Concluo, assim, que, tal como na vida, na política não existem despedidas perfeitas.
Mas com as despedidas na reta final e as promessas em velocidade de cruzeiro, a última palavra vai caber aos eleitores. Sejam aqueles que encaram o final do verão como o início de um novo ano, ou os outros, para quem só estipula novas metas em janeiro, em ano de eleições todos têm decisões a tomar quando o sol diz adeus. O dia 12 de outubro é o de as tomar, nas urnas. E só uma grande afluência às mesmas torna o escrutínio digno da democracia em que vivemos.
Salomé Filipe
Diretora do Jornal