“Nasci no ano de 1944 no Lombomeão, aldeia do concelho de Vagos. Sempre vivi nesta terra, em casa de lavradores. Andei na escola até aos 10 anos, mas tive de abandonar os estudos para ajudar a minha família que era muito pobre. Na minha infância, lembro-me de brincarmos na rua da Loureira. Jogávamos à “pança” (nalgumas terras este jogo é chamado de Macaca) e saltávamos à corda.
Pequena fui servir para casas de senhores em Aveiro, mas depressa voltei para a minha aldeia natal. Mais tarde, fui cuidar de uma senhora de idade muito rica em Pardilhó. A minha única tarefa era fazer-lhe companhia de dia e de noite.
Conheci o meu marido no Lombomeão. Com 27 anos, ele tinha ido trabalhar nos caminhos-de-ferro em Moçambique e quando regressou namorámos alguns meses e casámos. O meu marido era mais velho do que eu 11 anos e fomos viver para casa dos meus sogros no Lombomeão. A nossa vida girou em torno da lavoura e juntos tivemos 2 filhos.
Os meus filhos decidiram emigrar à procura de uma vida melhor. Quando o meu marido era vivo, chegamos a viajar para junto deles. Agora que estou sozinha e cansada, sinto-me melhor na aldeia que me viu nascer e crescer.”
R.A., cliente de SAD
