EDITORIAL

O verão pode ser quando o Homem quiser

EDITORIAL

Tem dado gosto de ver. “Cheguei” ao concelho de Vagos há cerca de um ano e meio, quando assumi funções de direção no Eco de Vagos. E este mês de agosto está a ser uma agradável surpresa, no que à oferta de iniciativas (culturais e desportivas, entre outras) diz respeito. É certo que no ano passado ainda estávamos a lutar contra a pandemia e não serviu como amostra, mas a realidade é que, neste pouco mais de ano e meio que passou, desde que passei a acompanhar o concelho de Vagos, nunca assisti a um mês em que tanta animação acontecesse. Neste caso, particularmente, na praia da Vagueira. Dá mesmo gosto ver.

Sinto-me à vontade para falar do que se segue, pois sou nascida e criada no concelho vizinho de Ílhavo, ao qual pertencem as também vizinhas praias da Costa Nova e da Barra. E a verdade é que a Vagueira tem dado 20 a zero a qualquer uma das zonas balneares ilhavenses. Da animação diurna à noturna, que engloba personagens de animação infantil, atividades desportivas ou um posto de turismo aberto a todos, os visitantes da Vagueira têm visto vida a acontecer por ali. Sem falar dos concertos, que, uns mais outros menos, já tornaram habitual pintar com cores de gente o Largo Parracho Branco. O verão pede vida e a Vagueira, parece-me, tem-na dado. E vai continuar a dar, aparentemente, quase até meio de setembro.

Acho que Vagos tem sido exemplo no que à animação de verão diz respeito, principalmente se compararmos com as praias mais próximas. As praias da Barra e da Costa Nova, atualmente, resumem-se ao que a natureza oferece, com os seus bonitos areais e com um mar nem sempre convidativo (apesar de sempre majestoso e revigorante). Falta qualquer coisa (para não dizer muita), que faça o verão por ali saber ainda mais a verão. Principalmente na Costa Nova, “um dos pontos mais deliciosos do Globo”, já dizia Eça de Queirós. Mas isso são outros quinhentos, que não vale a pena aqui dissecar. Adiante.

Vagos tem sido exemplo, opinava eu. Mas também não posso deixar de sublinhar que era bonito – era muito bonito – que esta panóplia de iniciativas – e, consequentemente, de vida – se estendesse para além do verão. Já uma vez aqui referi que se sente falta de um pulsar cultural mais intenso, e constante, no concelho. Reafirmo-o. Falta oferta de música, de teatro e de hábitos culturais cultivados. E se tem dado gosto ver como a Vagueira tem pulsado, imaginem como seria se a vila pulsasse sempre assim (noutros moldes e noutros contextos, obviamente). É que, à semelhança do Natal, também o verão (ou a sua vida) pode ser “quando o Homem quiser”.

Salomé Filipe

Diretora do Jornal

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