Tem a palavra a Mesa
Caro leitor, a Santa Casa da Misericórdia de Vagos, é uma IPSS, e como tal, é obrigada pelas normas da transparência, a abrir concursos públicos na maior parte dos casos de obras e / ou fornecimento de equipamentos.
Como já é visível, iniciamos há 2 anos a obra de requalificação da antiga creche, criando espaços administrativos novos, um espaço multifunções, um novo refeitório, uma área nova de preparação dos alimentos para a cozinha, um recreio novo para o pré-escolar, uma nova área de armazenamento de produtos, e, nos espaços libertados da ERPI, criamos melhores condições para os médicos e enfermeiros, bem como, mais uma sala de estar para os nossos utentes da idade maior em sabedoria.
Para desde já desfazer curiosidades, a obra terá uma conta final na ordem dos 1,3M€, para os quais obtivemos uma contribuição do programa PARES na ordem dos 0,29M€. Este último valor atribuído, refere-se à requalificação de parte da obra, que no referido programa, era elegível para financiamento, nomeadamente as partes comuns e a área de preparação da cozinha, para cumprimento das normas legais em vigor. Para o diferencial de investimento, obtivemos um empréstimo junto do Montepio, único banco que aceitou o edificado como garantia real. Este facto levaria a outro artigo de considerações, mas quedo-me, por agora, pela referência.
Feito o enquadramento, passo em diante, a tratar do tema em título. Todos os materiais de construção, foram subcontratados pela empresa que ganhou o dito concurso público (InovBuild), a fornecedores locais. Os serviços de eletricidade e comunicações também. De certeza mais competitivo em preço e bom para a economia local. Ótimo! Os equipamentos para o dito sistema obrigatório de AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado), também chamado de climatização controlada, foram subcontratados a empresas do distrito do Porto, não há fornecedores locais.
Está tudo certo, desde que funcione e cumpra os requisitos, e enquanto existir garantia, estamos mais ou menos salvaguardados. O problema é a manutenção destes equipamentos, que requer visitas, pelo menos trimestrais, se não houver avarias. Como compreendem, um técnico do Porto para vir a Vagos, tem custos de deslocação, que são no mínimo quatro vezes mais, comparando com um técnico de Aveiro. Neste modelo, os custos operacionais destes equipamentos, obrigatórios em edifícios públicos, começa a ser um fator de desequilíbrio das contas, para não falar dos tempos de resposta, que serão muito piores.
Conheço casos deste tipo, em que os tempos de resposta, se contabilizaram em meses. E isto não pode acontecer. A legislação terá que, o mais depressa possível, contemplar a obrigação, de que o fornecimento de equipamentos e tecnologias, incluídas no concurso, seja fornecida por empresas, que tenham representantes habilitados, a fazer a manutenção dos sistemas referidos, num raio de ação, em que a distancia a percorrer em tempo, se cifre nos 30 minutos em média. Só desta forma, os clientes podem evitar surpresas, nos custos de manutenção e nos tempos de paragem por avaria.
Existe ainda outra dificuldade. As IPSS não têm estruturas alargadas de manutenção, exemplo: como os Hospitais, nem podem ter. Como se depreende, até a passagem de informação para as empresas de manutenção, é difícil, obrigando quase sempre a visitas, às vezes por problemas simples de resolver. E com isto, os custos aumentam sem controlo.
Até lá, resta ao cliente, após a garantia, procurar um fornecedor habilitado para fazer a manutenção dos equipamentos em causa, e que cumpra o conceito do fornecedor local.
Votos de um ótimo São Martinho, com bom vinho: para os nossos colaboradores, leitores, clientes e amigos.
João M. C. Domingues
Mesário Vice-Provedor
