EFEMÉRIDE
AVEIRO E COIMBRA. Começou na madrugada de 27 de julho, e foi extinto 60 horas depois. Alegadamente de origem criminosa, segundo o relatório elaborado pelo Comando Operacional, o incêndio de Vagos e Mira em 1987, foi combatido por centenas de Bombeiros e Soldados do Batalhão de Infantaria de Aveiro (BIA), tendo deixado um rasto de cinzas e um rol de promessas por cumprir.
O sinistro foi combatido por 437 homens, que utilizaram 67 viaturas, e durou três dias, mantendo no terreno, para além de Vagos (53 homens, no terreno, e 7 em permanência, no quartel), presença efetiva dos bombeiros de Ílhavo, Aveiro (Velhos e Novos), Albergaria, Ovar, Esmoriz e Estarreja. Outras corporações, como Oliveira do Bairro, Anadia, Águeda, Murtosa, Mira e Cantanhede, privativos da Vista Alegre e da Nestlé, e municipais da Figueira da Foz, também estiveram envolvidas nas operações e meios. Para não falar da Câmara Municipal de Vagos, serviços florestais e particulares (Cooperativa Agrícola incluída), que disponibilizaram pessoal e máquinas para limpar terrenos e colaborar com os meios aéreos disponíveis.
Ter apanhado de surpresa os briosos «Soldados da Paz», que desconheciam não só a dimensão do incêndio, como ainda as condições desfavoráveis em que se encontrava a zona, classificada pelo comando de Vagos como «densamente florestada». Tal facto, aliado à configuração do terreno, arenoso e de acesso limitado e à falta de água no local, obrigaram o recurso inicial a batedores para combater as chamas, em detrimento dos «clássicos» pronto socorro m e pesado todo-o-terreno, vocacionados para se movimentar em terrenos soltos. Meios que a corporação vaguense não possuía na altura, o que tornou «extremamente cansativo e infrutífero» o trabalho executado pelos bombeiros. No quartel, uma equipa de manutenção, fornecida por dezenas de voluntários.
Prejudicadas pelo vento, que soprou com grande intensidade até ao raiar do dia, e nos dias subsequentes, as operações envolveram 18 corporações dos distritos de Aveiro e Coimbra, mais 200 homens e 38 viaturas. Para além de diversas máquinas dos serviços florestais, da Câmara de Vagos e alguns particulares. Meios aéreos sediados na Lousã, foram deslocados para a zona, onde acorreram também helicópteros da Força Aérea.
Considerando a zona onde o fogo se iniciou, e a hora a que o mesmo foi detetado, tudo levava a crer «tratar-se de ação criminosa, mas não foram detetados quaisquer vestígios». Para além do Inspetor Regional dos Bombeiros do Centro e do presidente da Câmara de Vagos, João Rocha, também o Governador Civil de Aveiro, Sebastião Marques, se deslocou à zona do sinistro para se inteirar da progressão do incêndio, e dos meios para o combater.
O documento foi assinado pelo comandante António Castro, que em declarações admitia ter um corpo de voluntários «excelente», ainda «minimamente preparado para atuar em fogos florestais, do tipo que ocorreu na região”. Em comunicado, a Associação dos Bombeiros de Vagos agradeceu à população o apoio prestado. 0s números – 60 horas durou a intervenção dos bombeiros; 1.285 Kms percorridos pelos bombeiros de Vagos; 842,30 litros de gasóleo e 200,60 de gasolina super fornecidos; 2.600 hectares de área ardida; 905 refeições servidas, 365 no primeiro dia); Bombeiro (Comandante César) intoxicado com gravidade; 100 contos rendeu o primeiro peditório auto/stop depois do fogo.
Eduardo Jaques