Efeméride
VAGROS-87. A 1ª Feira Agropecuária do Concelho de Vagos acabou por não contar com o concurso de gado bovino. A decisão, colhida de surpresa pela própria organização, emanada pela Direção Regional da Agricultura da Beira Litoral, que proibia a «exposição e leilão de gado como, ainda, o concurso regional». Em causa estava o surto de peripneumonia que grassava em Lombomeão, a poucos quilómetros da sede do município. «Queremos evitar, tanto quanto possível, que a doença se propague a outros animais, numa altura em que o seu alastramento é de algum modo preocupante», reconhecia a referida entidade.
De facto, apesar do gado ser admitido na feira com as provas sorológicas à peripneumonia, brucelose e tuberculose, devidamente atualizadas, pelo que haveria «riscos de contágio». Tal medida era considera por meios afetos à lavoura «bastante drástica», em situação delicada. Ouvido João Simões Pandeirada, presidente da Cooperativa Agricola e Leiteira, confirmou que terá tentado demover a Direção Regional. «Demos todas as garantias, para evitar os riscos de contágio, mas a situação é de facto muito alarmante e os serviços não quiseram assumir essa responsabilidade», referiu aquele dirigente, para quem a feira iria ter «menos projeção» sem a presença dos animais.
A 6 de junho, com muito público, dando assim uma nota festiva ao certame, que tanto carinho mereceu por parte dos organismos ligados à lavoura da região e da Camara Municipal. Presentes na cerimónia inaugural, para além do governador civil Sebastião Dias Marques, subdiretor da Direção Regional da Agricultura Ramos Moura, vice-presidente do município Mário Pinho (em nome de João Rocha, ausente no estrangeiro), e presidente da Assembleia Municipal Ana Maria Cerveira, estiveram ainda presidentes das câmaras do distrito, representantes dos diversos organismos da lavoura e muitas outras entidades das forças vivas local.
Falando em nome da Cooperativa, João Simões Pandeirada teceu rasgados elogios pela iniciativa válida dos agricultores, lembrando a crise grave que o setor atravessava na região. Salientando que o concelho de Vagos era um dos mais importantes no contexto agrícola do país, adiantou que «o Governo terá de dar a resposta que os agricultores bem merecem».
Congratulando-se com a iniciativa dos agricultores de Vagos, o governador civil respondeu a algumas das reformas que têm vindo a atrasar o desenvolvimento agropecuário. Contudo, segundo disse, que o poder criativo do agricultor devendo substituir-se ao papel do Estado, cuja intervenção não devia ser mais «paternalista». Sebastião Marques acrescentava que a vida económica devia passar sem a intervenção do «estado providência», cujas funções terão de ser mais amplas e menos intervencionistas.
Eduardo Jaques