OPINIÃO

A vida de estrada

Opinião

Ao momento em que escrevo estas palavras encontro-me num voo com hora e meia de atraso. Hora e meia de atraso de um coração já cheio de saudade.
Admito que nunca esperei viver num país não banhado pela maresia, pela sardinha e pelos Santos Populares, mas a vida assim o ditou, como para tantos conterrâneos nossos. A frustração aliada a este sentimento é pertinente e constante. A frustração de não conseguirmos fazer vida nesta terra plantada à beira mar, isto por falta de qualidade nossa ou do nosso estado, ou de ambos, já não sei. A verdade é que o estado das coisas não está bom, nem para lá anda, portanto seguimos mais uma vez em viagem, nesta estrada que nos leva para longe dos nossos, da família que levamos uma vida a nutrir.
Falta-me Vagos, faltam-me a família e as amizades, faltam-me as festas da terra e um fino oferecido, os imensos aniversários, imensos nascimentos até. Falta-me conhecer os meus vizinhos e falta-me dizer mal das coisas não acontecerem na minha terra até. Mas faz falta.
Vagos faz falta mesmo a quem só passa por lá todos os dias.

Miguel Duarte

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