OPINIÃO

Uma pessoa que faz por me prejudicar e outros assuntos

Cantinho de João Ferreira
Não posso ficar alheio a esta coisa que me prejudica e se repete agora pela terceira vez: ora eu, João dos Santos Ferreira estou a ser “roubado” de um prémio que ganhei faz mais de oitenta anos. Ainda que seja a terceira pessoa a dizer-me isto, os documentos, se os houver, apontariam o contrário. Há meses, o Sr. Fausto Neves, primo do meu cunhado Armando Madail, chegou-se perto de mim na esplanada do Ferradura e inquiriu sobre certos assuntos, um outro indivíduo, que hoje em dia se apoia a um bordão e em tempos foi me condiscípulo, começou a atentar que quem ganhou o já extinto prémio da quarta classe foi o Sr. António dos Santos. Gostava de ressalvar que o também já extinto jornal Terras de Vagos, cometeu o mesmo erro e apenas se corrigiu passados seis anos. O que parece mais penoso, é a maioria das provas estarem enterradas com várias décadas de existência, no entanto, a filha da senhora que ganhou o prémio no mesmo ano que eu saberia com certeza responder a estas três perguntas:

  • Quem ganhou o prémio a par com o masculino?
  • Qual era o valor do prémio em escudos?
  • Qual era o nome do prémio em questão?

Estas perguntas faço-as também ao meu colega que hoje se apoia num bordão e em tempos foi meu condiscípulo. Em assuntos mais prazerosos e da mesma época: admitindo abertamente que na primeira e segunda classe não fui o melhor aluno, na terceira e quarta já não foi esse o caso. Tanto assim que os professores dos ditos anos letivos, respetivamente: Fernanda Pires Afreixo e José Cândido Veiga, disseram ambos que eu o era. Dois episódios com os professores, já anteriormente referidos neste jornal: no final da terceira classe, dei uma lição a pedido da professora Fernanda e durante a quarta a pedido do professor José Cândido fui ao quadro escrever: o João dos Santos Ferreira é o aluno mais pobre da quarta classe, mas tem “pão” para dar a todos os outros. Ora o referido pão eram reguadas nas mãos, para as quais os meus colegas se protegiam de antemão dando comida como rojões e enchidos e outras coisas… era um tempo de pobreza.

Até mais tarde, no “Grémio da Lavoura” o mesmo professor de escola primária me perguntou: – então agora és proprietário de um jornal Ao que respondi convictamente: – muito graças ao sr. professor e os seus ensinamentos. Tudo isto é verdade e vou agora ressalvar que o suprarreferido professor dava aulas a quarenta alunos, misturando 25 da quarta classe e 15 da primeira. Nenhum aluno dessa sala de aula reprovou, e cinco passaram com distinção entre os quais eu com o prémio de melhor aluno: António dos Santos, João Francisco Sarabando, António Francisco Sarabando, e António Armando Maia mais conhecido por Alziro. Destes cinco estamos vivos eu e o João Francisco Sarabando. Nesta época eram também famosas as cegadas, das quais me vem à memória: O bom e o mau ladrão. Nesta cegada, uma das canções que nunca esqueci, soava assim: “amparado ao meu bordão / vacilo a cada segundo / pode muito o coração / que ao peso desta paixão / vou até ao fim do mundo.”.
Pouco depois desta fala, a mesma personagem diz também “cumpri a minha missão / só me resta morrer” e representava um cair redondo no chão.

Para o mês que vem, tenciono falar sobre o palácio da justiça, inaugurado em 1973, tempo da “outra senhora”. Despeço com alguma tristeza de casos como o primeiro com certeza acontecerem não só a mim e no meu tempo. Diz o meu neto que um artista de hoje em dia pelo nome de Ângelo César tem a frase: “a inveja é um sentimento muito feio”. A foto ilustrativa é da atual Biblioteca Municipal que ocupa o mesmo espaço que anteriormente pertencia à Escola Primária de Vagos.

João dos Santos Ferreira

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