EFEMÉRIDE

Palmeiras centenárias afinal também se abatem

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DEITADAS POR TERRA. Depois de discutido em reunião, o problema subiu ao plenário municipal onde um deputado monárquico acabou de se tornar inconclusivo. O próprio presidente da Câmara, João Rocha, confessou-se surpreendido com o abate das palmeiras. Mas acabaria por lamentar o sucedido, ao mesmo tempo que «lavava as mãos», situação que não lhe dizia diretamente respeito.
Para o deputado António Nunes (ex-vereador de Alda Vítor) a gravidade do problema residia no facto do loteamento, face ao local ter sido feito há alguns anos – sob condição das «palmeiras serem preservadas». Tal revelação viria a originar viva polémica, entre o presidente e aquele deputado, chegando este a insinuar que «se fosse no tempo da outra senhora as palmeiras nunca teriam sido postas abaixo». António Nunes queria referir-se à antiga presidente, Alda Santos Vítor, cuja formalidade para incidentes do género era conhecida além-concelho. Na sua resposta, cheia de oportunidade, João Rocha viria a terreiro afirmando que desconhecia a existência do referido loteamento, com as reservas indicadas. Num aparte, que caiu bem à maioria dos deputados, sempre acrescentaria que «ainda não estava na Câmara antes do 25 de Abril…».
Segundo revelava, em destaque na sua primeira página, o diário portuense «Jornal de Notícias», edição de 21 de março de 1987, as duas frondosas palmeiras eram símbolo de Vagos. Afinal, o caso não poderia mesmo não passar de «fumo sem fogo», quando um munícipe vaguense resolveu deitar abaixo, em Vagos, um coro de protestos. À data achavam-se mais de cem anos, e eram tidas como as únicas existentes no concelho de Vagos. Motivo de orgulho das gentes de Vagos, as palmeiras identificavam-se já com a própria vila – servindo, de tal modo, bastantes vezes de modelo para pintores de fim-de-semana.
Daí que ao executivo de João Rocha se reclamavam medidas cautelares, para que demais atentados não surgissem ser possíveis nos próximos tempos. Caberia então ao município que, de resto, se vem procurando mostrando preocupado – mostrar mão firme aos prevaricadores, disciplinando obras e lançando posturas mais realistas.

Eduardo Jaques

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